A maior parte dos palestrantes e debatedores confirmados atua direta ou indiretamente na defesa de grandes instituições financeiras, enquanto há ausência significativa de representantes que defendem os consumidores, principais vítimas das práticas bancárias abusivas amplamente discutidas na sociedade e no Judiciário.
“É inadmissível que, em um ambiente que se propõe ao debate democrático e técnico, não haja espaço efetivo para a voz dos consumidores lesados e de advogados que cotidianamente enfrentam as estruturas de poder dos grandes bancos. Ora, ao concentrar o discurso em uma única perspectiva, a dos agentes que defendem os interesses do sistema financeiro, o evento ignora o princípio da isonomia processual e colabora para uma narrativa enviesada sobre o fenômeno da litigância em massa”, disse ela.
Além disso, ela destacou que é profundamente preocupante o envolvimento de instituições bancárias como patrocinadoras de eventos voltados a magistrados e operadores do Direito (a voz do poder não pode ser o dinheiro). Pois essa prática levanta sérias questões sobre a imparcialidade do Judiciário e abre margem para o questionamento da lisura de decisões judiciais em que tais instituições são partes interessadas.
A justiça deve ser não apenas “imparcial, mas também parecer imparcial. Reafirmo meu compromisso e de meus alunos com a defesa do consumidor, a ética no Judiciário e a pluralidade nos espaços de debate. A Justiça não pode ser um palco de interesses econômicos travestidos de discussão acadêmica”, concluiu.